Meio Ambiente
Em média, Rondônia registra quase três focos de incêndio por dia em sete meses
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Rondônia está entre os 15 estados do Brasil que mais apresentaram queimadas nos primeiros sete meses de 2018. A informação é do banco de dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Entre janeiro e 20 de julho deste ano, a região somou 576 pontos de chamas. Isso significa que o estado registrou, em média, quase três focos de incêndio por dia.
Apesar disso, os números mostram leve melhora. Em comparação com o mesmo período de 2017, os pontos de chamas em Rondônia sofreram queda de 11,24%, já que, até 20 de julho do ano passado, o estado apontou 649 focos.
Porém, em âmbito nacional, o Inpe registrou 24.627 focos até o dia 20 do mês passado, índice 9,42% maior do que no mesmo período de 2017, que contabilizou 22.307. Mato Grosso, Tocantins e Maranhão seguem nas primeiras posições como os estados mais castigados pelo fogo. Juntos, somam mais de 42% de incêndios pelo país.
Segundo órgãos responsáveis, a época de estiagem, que começou logo após o período de chuvas no norte do país em meados de junho, facilita a propagação das chamas. Porém, na grande maioria, os incêndios são causados por ações humanas.
Hélio Moreira, coordenador substituto do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (PrevFogo) em Rondônia, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), é um dos que confirmam a hipótese.
“Imaginávamos que esse período de seca fosse extenso, pois secou de uma vez. E é nessa época que as pessoas começam a queimar. Se juntarmos a seca forte com essa cultura errada de queimar, o número de incêndios consequente aumenta”, explica Hélio.
“Nós já levantamos pesquisas onde afirmam que os efeitos causados por incidentes florestais são bastante remotos em relação aos humanos. Ou seja, a maioria, então, é por ação humana”, pontua o coordenador.
Municípios
Porto Velho é campeã em focos de incêndio tanto no estado quanto no país. Este ano, por exemplo, o município está na primeira posição do ranking nacional de cidades que mais queimam no Brasil, com 2,1% de focos.
No total de 576 pontos de chamas, segundo o satélite referência, 186 são apenas em Porto Velho. Isso representa pouco mais de 30% na quantidade total de incêndios pelo estado. Em seguida, vem Candeias do Jamari e Nova Mamoré, com mais de 5% de focos. Depois, aparece São Francisco do Guaporé e Cujubim, com 4,51% e 3,82%, respectivamente.
Conforme a lista de municípios, Guajará-Mirim, a pouco mais de 320 quilômetros da capital, aparece na oitava posição com 18 focos. Vilhena e Machadinho D’Oeste surgem mais abaixo com 15 pontos de fogo registrados. Ji-Paraná e Cacoal também aparecem nas últimas posições, com quatro e dois pontos de queimadas, respectivamente.
Apesar disso, o analista em Ciência e Tecnologia, do Centro Técnico e Operacional, do Sistema de Proteção da Amazônia em Porto Velho (Sipam), Thiago Martarole, confirma que a quantidade de focos pode ser maior, já que são identificados por um satélite referência.
“São 14 satélites que o Inpe usa. Se utilizarmos mais de um, há o risco de detectar o mesmo foco outra vez. Além disso, cada satélite tem uma resolução diferente de dado. Mas, por nós usarmos um, coletamos apenas uma pequena parcela do que realmente acontece. Ou seja, deve ser maior”, explicou.
Os números, segundo o analista, são coletados pelo Sipam para estudo. Thiago conta que o órgão leva em consideração os chamados “horários de passagem”, ou seja, período do dia em que as pessoas mais costumam queimar. “Acaba sendo mais eficaz também. É mais comum que as pessoas comecem a queimar por volta do meio dia”, ressaltou o analista.
Apesar dos números sobre Porto Velho não serem favoráveis, Ana Strava, engenheira geotécnica e assessora operacional do Sipam, explica que os dados numéricos não são representativos. “Pois a área da capital é extensa em comparação aos outros municípios. São mais de 34 mil km². A densidade precisa ser levada em consideração”, pontuou.
Monitoramento dos focos
Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Ambiental (Sedam), julho, agosto e setembro são os meses mais perigosos e propícios a incêndios. O meteorologista Fábio Adriano Monteiro observou que o julho é o mês onde a umidade começa a sofrer quedas, podendo chegar até 20%. Como consequência, o índice de incêndios aumenta.
“Julho é o mês que menos chove, isso porque não cai mais que 20 milímetros de chuva em grande parte do estado. A umidade do ar varia de 30% a 20%”, explicou.
Apesar de o mês ser o menos chuvoso, Fábio garante que em agosto e setembro a situação piora. “Identificamos remotas chances de chuvas em agosto, mas isso não quer dizer nada. São os períodos mais críticos”, concluiu o meteorologista.
Em 2017, junho contabilizou 152 focos. No mês seguinte, subiu drasticamente para 1.008 pontos. Em agosto, foram 3.251 ocorrências e em setembro, 4.568. Em outubro, o número caiu para 1.728.